A guerra que nunca tem fim
Angel Fury começa a ser vendido nessa semana e devo admitir que, depois de algumas partidas bem disputadas, ele me surpreendeu positivamente em diversos aspectos.
Como já falei em um artigo anterior, que você pode ler por aqui, os wargames sempre chamaram a minha atenção devido aos cenários elaborados, ao grande número de miniaturas e a possibilidade de poder realizar grandes façanhas táticas como Alexandre Magno, Saladino ou Napoleão.
Claro que a proposta é incrível, mas a necessidade de construir cenários de batalha, adquirir conjuntos de miniaturas e ter de explorar manuais enormes com diversas tabelas de estatísticas nunca me atraiu muito.
Nesse sentido, Angel Fury foi capaz de me entregar uma experiência única e que mistura os jogos de guerra e o melhor dos euros.
Visão geral do jogo
Em Angel Fury você vai assumir o papel de um general na eterna luta do bem contra o mal. Comandando uma hoste celestial, ou as hordas abissais, será necessário manobrar suas forças para controlar a área com a alma humana. Controlá-la lhe traz pontos de Alma, e o primeiro time a alcançar 7 pontos de Alma ganha a partida!
Claro que para fazer isso, será necessário obter o máximo de vantagem no campo de batalha: conseguir mais pontos de comando lhe permite movimentar mais tropas; ampliar o número de cartas na mão lhe dá mais opções durante seu turno; melhorar seu baralho o torna mais efetivo ao realizar manobras imprevisíveis no campo de batalha; tomar o controle de áreas de recursos lhe trará uma renda melhor.
O fluxo do jogo é bem simples e cada turno se divide em duas etapas: uma fase de ação e uma fase de recursos.
Na fase de ação você poderá:
- Alocar unidades: conforme as tropas da linha de frente forem destruídas, será necessário enviar novos soldados para manter o ritmo da batalha.
- Comprar melhorias: você poderá ampliar o limite de cartas na sua mão ou o número de pontos de comando, elementos essenciais para ampliar as suas estratégias.
- Comprar cartas: adquirir cartas melhoradas é fundamental para as seu sucesso. Algumas cartas representam poderosos tenentes que ampliam suas estratégias e outras são aprimoramentos de táticas básicas.
- Usar cartas: o bom uso das cartas é o segredo para surpreender o seu adversário com táticas brilhantes (como uma investida fulminante ou o uso de arqueiros bem posicionados)
- Comandar suas tropas: use seus pontos de comando para mover as tropas e levar a batalha até o seu inimigo.
Já na fase de recursos, como o nome indica, serão recebidos os recursos devidos as áreas controladas, novas cartas vão ser sacadas do baralho do jogador e será feita a manutenção dos pontos de comando que foram utilizados na rodada.
Mecanicamente Angel Fury mistura controle de área, rolagem de dados, pontos de ação, gestão de recursos e deckbuilding de uma maneira bastante clara e objetiva, o que gera boas interações entre as regras e permite que o jogador consiga apreender o fluxo da partida em uma ou duas rodadas.
As muitas faces de Angel Fury
Um dos destaques do título são os diferentes modos de jogo e a maneira como eles modificam a experiência dos participantes.
2 x 2
Nas partidas para quatro jogadores, dois times se enfrentam para ver qual lado sairá vencedor na disputa do bem contra o mal. Nesse tipo de jogo a comunicação é essencial, pois cada um dos comandantes terá de contribuir para uma estratégia sinérgica com seu aliado.
Essa interação pode aumentar sensivelmente o tempo de jogo, poto que os participantes mais competitivos tendem a discutir cada uma das jogadas antes da execução das estratégias.
2 x 1
Em três jogadores, um participante controla dois exércitos e luta contra seus adversários que formam um time. Nessa configuração de mesa é recomendado que um dos jogadores seja mais experiente, pois gerenciar dois exércitos poderá ser uma tarefa hercúlea.
Uma modalidade de jogo interessante, que talvez seja a melhor configuração caso você queira ensinar o jogo para iniciantes.
1 x 1
Existem dois modos de jogo para partidas com esse número de participantes. Na versão padrão, os jogadores devem se enfrentar utilizando o mapa reduzido e apenas um dos exércitos disponíveis. Essa á a melhor pedida para uma partida rápida e objetiva.
Mas caso vocês queiram fazer a batalha do apocalipse, cada um dos participantes pode controlar dois exércitos diferentes ao mesmo tempo e se preparar para despejar a cólera divina, ou o fogo infernal, na cabeça do adversário.
Modo Solo
O modo solo é simples e direto: você deve vencer hordas de demônios o mais rápido possível. A pressão das ondas de inimigos é constante, fazendo com que você precise otimizar cada uma das suas jogadas para não ser superado pelos números surpreendentemente maiores das criaturas do abismo.
Setup e qualidade da produção
Muita gente me perguntou se a preparação do jogo é demorada demais. Acho essa uma pergunta muito válida para um jogo com mais de 200 miniaturas, centenas de cartas, dados e uma série de outros componentes.
O setup do jogo está longe de ser breve, como o que vemos em clássicos como Carcassone, porém não é nada absurdo se compararmos com alguns jogos euros carregados de componentes como Cooper Island ou Imperium. As miniaturas e peças possuem um bom tamanho e são de fácil identificação pelo tamanho da base, e mesmo a preparação do baralho inicial é rápida, posto que o conjunto de cartas dos jogadores é limitado a 12 por participante.
E já que falamos dos componentes do jogo, esse talvez seja o maior destaque de Angel Fury: a Fryxgame conseguiu entregar um produto de primeira linha para os fãs de miniaturas. Cada demônio, anjo, atormentador, serafim, arquidêmonio e arcanjo é super detalhado, cheio de personalidade e captura de maneira incrível o conceito do jogo.
Isso sem falar dos recursos, como os cristais e discos de pontos de alma, das miniaturas de terreno e dos cartonados para colocação de peças e que formam os tabuleiros de jogador. Um material de qualidade e que impressiona quando vai para a mesa.
Quem vai gostar de Angel Fury?
Angel Fury é um jogo bastante rico e que vai agradar diversas audiências.
Primeiramente, os entusiastas de jogos de guerra que estão em busca de batalhas emocionantes envolvendo grandes exércitos vão amar as possibilidades estratégicas que esse wargame apresenta através dos poderes dos comandantes, das cartas de táticas e das configurações de batalha que mudam com o número de participantes.
Se você ainda não conhece os jogos de guerra, Angel Fury pode ser uma excelente introdução a esse estilo de jogo, posto que nele o jogador vai encontrar uma interessante mistura que reúne elementos típicos dos jogos euro com o melhor dos jogos de guerra com miniaturas.
Outro grupo que vai curtir o jogo é formado justamente pelos fãs de miniaturas. As mais de 200 miniaturas vão formar um exército incrível e que poderá trazer boas horas de diversão para quem curte a boa e velha pintura de miniaturas.
Caso você não se sinta a vontade em jogos com o elemento sorte e/ou não curta títulos em que exista um confronto direto entre os participantes, talvez seja melhor refletir um pouco mais sobre a aquisição desse título para a sua coleção.
Mas conte aí para gente, você está animado para participar dessa batalha eterna?