A região que hoje conhecemos como Canal da Mancha já foi um lindo e vasto campo, onde a humanidade lutava para sobreviver. Essa faixa de terra ficou conhecida como Doggerland. O pouco que conhecemos sobre a história dos povos que habitaram essa região inspirou o jogo com o mesmo título de Laurent Guilbert e Jérôme Daniel Snowrchoff, que está chegando pela MeepleBR.

Em Doggerland, os jogadores são líderes de tribos que precisam sobreviver em uma região de clima implacável e escassez de recursos.

Ao longo de 8 rodadas, eles vão enviar os membros de suas tribos para cumprirem tarefas em diferentes locais, para reunir recursos para construir cabanas, fazer pinturas, artesanato e claro, aumentar a sua tribo.

A questão é que não somente terão que fazer isso no tempo bom (verão), mas também no tempo rigoroso do frio (inverno), que dificultará a execução de coletas e caças, sendo necessárias mais peles para realizar as ações.

As ações são executadas pelo líder da tribo (que oferece vantagens em algumas ações), os caçadores-coletores e o xamã, que pode ser utilizado como um membro normal na maioria das tarefas (exceto a caça) e possui ações próprias a serem realizadas.

Outra dificuldade a ser enfrentada é que de acordo com que a exploração dos terrenos acontece, eles vão se exaurir e não terão mais recursos a oferecer. Os animais migram a cada rodada, tornando difícil a caça, afinal de contas, essa é a forma de adquirir a maior quantidade de recursos. Porém, para a caça de grande porte é necessário uma quantidade mínima de membro da tribo e de maestria de acordo com o tamanho do animal.

Ainda será preciso melhorar as habilidades da sua tribo para poder carregar mais recursos, se movimentar mais e gerar as preciosas ferramentas, que auxiliam nas coletas e caças.

No final das contas Doggerland, é um jogo de alocação de trabalhadores e gestão de recursos, cujo objetivo é sobreviver da melhor forma possível, fazendo coisas que vão te dar pontos no final do jogo.

As ações são programadas e você precisa se planejar para poder fazer todas as ações de forma otimizada e não perder os trabalhadores a cada rodada.

Você receberá pontos pelas pinturas que realizar (e por possuir maioria nas linhas de pintura), artesanatos feitos, megálitos erguidos, membro da tribo que possuir, habitações construídas e objetivos cumpridos. Porém vai perder 2 pontos por cada vez que não conseguir alimentar um membro da sua tribo.

É um jogo que lembra os clássicos de Uwe Rosenberg, como Agrícola e Caverna, em que você passa a partida toda, lutando para pagar os alimentos e aumentar seu número de trabalhadores, para poder focar nas coisas que pontuam no jogo.

É um jogo que premia quem consegue pontuar nos vários critérios, porém, dá pra focar em algumas coisas e otimizar ali a pontuação. O que não dá pra fazer, é ignorar a caça de animais de grande porte. Isso é essencial tanto para a alimentação, quanto para a busca de recursos para construção, artesanato e pintura.

As mecânicas do jogo te envolvem na história dos homens de Doggerland e você vai passar ali algumas horas dentro desse mundinho, já que as ações estão fortemente atreladas ao tema e à história vivida ali.

É um jogo recomendado para fãs de jogos de otimização de recursos, alocação de trabalhadores e apreciadores do tema sobrevivência na era glacial.

Quem gosta de Agrícola, Paleo, Prehistory e jogos do tipo, vão certamente se encantar com Doggerland.

Ele não é recomendado para jogadores iniciantes e quem acha que jogos em que você precisa alimentar seus trabalhadores é um sofrimento. A vida não é feita só de coisas boas, mas sobreviver e pontuar em Doggerland é bom demais.