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  • Por: Márcio Botelho
  • Publicado em: 22 de junho de 2020

O tema importa?

Esse jogo nem é tão bom, mas eu gosto tanto do tema que acabei comprando mesmo assim.”

Se você joga board games a algum tempo, já deve ter ouvido alguém falando algo parecido. Talvez, tenha sido você mesmo que disse isso.

Elementos de um jogo

Pode parecer estranho, mas ao analisar um jogo é preciso separar seus elementos para que possamos fazer uma análise adequada do produto.

No geral, podemos pensar em três elementos fundamentais: mecânicas, tema e arte.

Mecânicas tratam das regras do jogo, do seu funcionamento e daquilo que pode ou não pode ser feito durante uma partida.

O tema diz respeito ao assunto abordado pelo jogo e pode variar muito indo de uma disputa entre feiticeiros, como em Vudú, até a construção de cidades no fundo do Mar, como em Cidades Submersas.

Por fim, a arte diz respeito ao suporte sensorial do jogo, incluindo ilustrações, arquivos de áudio e qualquer outro tipo de elemento artístico de um jogo.

Mecânica x tema

Assim como na música ou em outras manifestações culturais, nos jogos vemos uma tensão entre defensores da primazia da forma em oposição aos que advogam a centralidade do conteúdo.

Aqueles que valorizam mais a forma, no caso dos jogos as mecânicas, dizem que as regras e mecanismos de um jogo moldam nossa interação com ele, sendo assim impossível gostar de um jogo que apresente regras confusas, com problemas de balanceamento ou que não cubram todas as situações de uma partida.

Partidários do conteúdo, no caso dos jogos isto diz respeito aos temas, defendem que as regras estão a serviço de uma boa temática ou narrativa. Para eles, as regras são importantes, mas o que cativaria a atenção dos jogadores seriam os personagens e situações apresentadas pelo jogo.

Tema como atrativo

Pessoalmente eu possuo certa resistência em adquirir jogos que não tenham uma temática ou narrativa interessante. Como entusiasta dos jogos, acredito que a temática seja uma boa maneira de apresentar os jogos de tabuleiro modernos, rpg’s e card games para pessoas que não conhecem o hobby.

Se eu falar parra um amigo que nunca jogou que “Terraforming Mars possuí um excelente drafting, com muita gestão de mão e boas mecânicas de pontuação de final de jogo”, provavelmente, ele não vai entender muita coisa e dificilmente vai ficar atraído pelo jogo.

Agora se eu falar pra mesma pessoa que “Em Terraforming Mars nós vamos colonizar Marte, comandando corporações como se fossemos o CEO da Space X, em uma competição para ver quem vai mandar no Planeta Vermelho”, pode ser que esse mesmo cara se sinta muito animado com a ideia.

Isso não quer dizer que os temas só servem para atrair iniciantes, gente que teoricamente tem um conhecimento pequeno sobre jogos, mas é fato que uma boa temática, aliada a uma bela arte, faz toda a diferença na hora de apresentar um board game para os amigos.

Mecânica e tema: simbiose

Uma divisão entre mecânicas em oposição ao tema não me parece uma coisa muito inteligente.

É possível existir um jogo sem um tema ou narrativa? Sim, pois do contrário não existiria o Tetris e uma série de outros jogos abstratos e que no geral estão ligados a resolução de problemas matemáticos.

Entretanto, quando bem aplicado, um tema pode aumentar muito as qualidades de um jogo e atrair mais pessoas para se juntar à diversão.

Um exemplo bem conhecido é o de Fire Team Zero, um amerigame cooperativo com alto grau de aleatoriedade, grande nível de desafio e belas miniaturas. O que faz o FTZ se destacar em relação aos concorrentes é a temática, uma mistura de monstros lovecraftianos com Segunda Guerra Mundial, na qual o tema acaba influenciando as regras e criando uma experiência única.

O oposto também pode ocorrer, ou seja, quando vemos um jogo que possuí regras estabelecidas, mas nos qual se aplica um tema que de fato não trás muitas inovações ao produto básico, sendo interessante pelo tema que é atrativo para entusiastas da temática. Nesses casos, o tema não impacta positivamente as mecânicas, muitas vezes sendo dispensável (adoro Carcassonne, adoro Star Wars, mas a mistura dos dois não me parece uma boa ideia).

E você: algum tema te atraí mais do que o outro nos jogo?
Conta aí pra gente!

Márcio Botelho

Raça: Humano. Alinhamento: caótico e bom. Classes: Historiador 6, Crítico literário 4 e Nerd 10. Adorando a leitura do manual do Paper Dungeons.

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