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  • Por: Pedro H. Miranda
  • Publicado em: 24 de agosto de 2020

A presença dos jogos analógicos na educação

O uso do jogo de tabuleiro como ferramenta educacional já é amplamente discutida e vem ganhando cada vez mais notoriedade e espaço como metodologia ativa, um processo educativo que insere o estudante como agente principal responsável por sua aprendizagem. Sim, recursos como esse são extremamente necessários em um modelo educacional ainda muito tradicional, uma vez que permite inserirmos conceitos importantes de convívio social e ainda desenvolver algumas habilidades cognitivas com a prática das atividades.

Com a popularização dos jogos no ambiente escolar é comum se ouvir repetidamente o que esses jogos desenvolvem e sempre se associa a tomada de decisão, memória, lógica, sociabilidade e outras mais. O melhor espaço ocupado pelo jogo na educação é em atividades extracurriculares que ocorram em complemento a uma atividade curricular ou no contraturno escolar. Digo isso, pois apesar de reconhecer os ganhos que o jogo de tabuleiro traz para o desenvolvimento, também entendo sua característica mais complementar e que por estar associada a ganhos cognitivos auxilia mais o estudante a processar pensamentos, criar analogias para os conteúdos que aprende em aula e exercitar essas habilidades associadas aos processos de aprendizagem.

Para que recebam a devida atenção e realmente colaborem com esse objetivo de desenvolvimento, a aplicação do jogo no contexto educacional depende de ir além de explicar seu conjunto de regras e jogar. A prática precisa ser acompanhada e previamente elaborada através de um Roteiro Pedagógico, um norteador que deixe bem claras as intenções com o uso dessa ferramenta e que objetivos pretende-se alcançar ao chegar no fim da atividade. É por isso que as características e mecânicas do jogos, embora tenham sua relevância, devem ser tratadas como ferramentas para o que o educador pretende abordar.

Jogos cooperativos, um exemplo

Jogos cooperativos podem ser ótimos para nos ajudar a identificar os problemas de relacionamento em um grupo que precisa trabalhar em conjunto para uma atividade escolar. Por isso seu uso será mais direcionado a fazer com que o aluno aprenda sobre a necessidade de assumir seu papel dentro daquela atividade e relacionar isso ao trabalho que precisa ser desenvolvido em sala de aula, respeitando limites e competências dos colegas que desenvolverão essa atividade junto com ele.

Jogos competitivos, um exemplo

Um jogo competitivo pode apresentar variadas possibilidades, pois através dele é possível promover pausas para refletir sobre decisões estratégicas, planejamento, percepção do que está acontecendo e das consequências das decisões que estão sendo tomadas. A relação disso com a disciplina, ou com elementos presentes na vida escolar, é decisivo para que aquele tempo de jogo tenha significado e seja muito proveitoso. Claro que algumas dessas características também são possíveis de serem trabalhadas num jogo cooperativo.

É importante profissionalizar

A abordagem sobre essas questões vem de encontro a popularização comentada anteriormente. Diante desse crescimento do jogo como metodologia ativa, é preciso uma certa formalidade sobre a sua utilização evitando o tratamento de “aula livre” e utilizando jogos somente se forem fortemente agregados ao contexto de ensino.

Na história do nosso hobby, em seus primórdios, especula-se que o jogo tinha uma característica educativa. Não se afirma isso com toda precisão, pois o passado desse recorte histórico é longínquo, mas a Mancala, por exemplo, tinha como finalidade educar as crianças para a colheita e plantio. Sua similaridade ou analogia à agricultura é inegável e estamos falando de um jogo com mais de 5 mil anos de história.

Vivemos um momento em que as tecnologias avançam com muita velocidade. Embora a plataforma objeto desse texto seja analógica é preciso também reconhecer que os jogos digitais já ganham espaço e, dentro das suas características, também são tratadas como ferramenta de ensino. Muitas escolas de programação e robótica para crianças apontam para os ganhos cognitivos com a prática de programar e com uma formação valiosa relacionada a uma linguagem extremamente presente atualmente e que se ampliará no futuro próximo.

Voltar nossa atenção para esse mercado, pensar meios de cada vez mais valorizar a atividade lúdica e entender os ganhos propostos também passa a ser uma ótima forma de rentabilizar. Nesses passos é preciso cada vez mais profissionalizar esses processos e garantir que o trabalho não seja raso ou efêmero. Se você é educador e deseja trabalhar com isso procure pessoas especializadas e experientes que possam te auxiliar. A comunidade dos jogos é muito participativa e engajada e certamente não faltará acesso, opiniões ou indicações.

Pedro H. Miranda

Atuei no mercado de jogos de tabuleiro como organizador de eventos, abri a primeira luderia itinerante na cidade de Curitiba (2011). No mesmo período atuava como professor e em algumas ocasiões utilizei jogos de tabuleiro ou RPG, coordenei por mais de 2 anos um método de ensino que utiliza jogos de tabuleiro para desenvolvimento cognitivo. Selecionei jogos, treinei professores, elaborei roteiros pedagógicos e organizei inúmeros torneios com massiva participação dos alunos. Estou agora retornando para o mercado com "O Guia do Jogador", onde pretendo fomentar o empreendedorismo na área dos jogos, e, em breve, teremos um aplicativo de Guia Comercial para apoiar o nosso cenário. Também vamos nos estruturar para criar competições organizadas e teremos nesse mesmo aplicativo um ranking dos jogadores que se destacarem nos títulos escolhidos para essas competições. Focado no Jogo de Tabuleiro, RPG e Jogos Digitais.

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