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  • Por: Márcio Botelho
  • Publicado em: 24 de fevereiro de 2021

O RPG me fez uma pessoa melhor

NO DIA NACIONAL DO RPG 2021, APRESENTAMOS UM RELATO PESSOAL SOBRE O PAPEL DOS JOGOS DE INTERPRETAÇÃO DE PERSONAGENS NA VIDA DE UM NERD SUBURBANO

Dia 24 de fevereiro comemoramos o Dia Nacional do RPG, uma data para celebrar o amor e o carinho que nós temos pelos jogos de contação de história colaborativos.

Esse tipo de jogo faz parte da minha vida a um longo tempo. Por duas décadas eu venho lendo livros de RPG, planejando aventuras, jogando e conhecendo pessoas em mesas de RPG. Fazendo as contas, posso dizer que esse tipo de diversão está presente no meu dia-a-dia a mais tempo do que qualquer outro hobby.

Por que o RPG é tão importante para mim? Porque, como você deve ter lido no título, o RPG me fez uma pessoa melhor.

Conheci amigos

Eu sempre gostei de criar mundos na minha cabeça. Pilhas de Lego eram meu brinquedo favorito, pois podia criar casas, lojas e personagens cheios de histórias. Eram horas de diversão solitária em que eu misturava narrativas de tokusatsu, filmes da sessão da tarde, desenhos animados e livros de aventura do século XIX.

Isso me fez um cara meio solitário na escola. Aquele estereotipo do bom aluno de óculos, desajeitado e com um bocado de vergonha.

Mas daí veio o RPG e tudo mudou.

A possibilidade de narrar histórias, e ainda chamar pessoas para ajudar nisso, explodiu com a minha cabeça. Eu precisava jogar aquilo.

Consegui reunir algumas pessoas e a partir daí eu não queria mais parar. Era incrível como eu me sentia feliz ao compartilhar as histórias, ao ver que os personagens tomavam vida e que eu tinha amigos que podiam dividir essa felicidade (inclusive, um dos meus amigos mais próximos até hoje, o Stevan Nascimento, estava nessa primeira sessão de jogo).

Aprendi a entender melhor os outros

Com o passar do tempo, mais gente foi entrando na minha vida por causa do RPG, como a Simone Septimus, o Bruno Galeano, o Leandro Fernandes, a MC Zanini e o Jaime Daniel. Pessoas muito diferentes de mim, com vivências e realidades únicas, mas que se conectavam devido ao interesse pela possibilidade de contar histórias de forma colaborativa.

Assim como nos grupos de heróis aventureiros de Dungeons & Dragons, alguma coisa maior fazia com que nós colocássemos as diferenças de lado e sonhássemos, nem que por um instante, com a possibilidade de viver uma história fantástica, assustadora e emocionante.

E esse foi outro ganho que o RPG me trouxe: aprendi a olhar para outras pessoas e compreendê-las melhor. Interpretar personagens, criar vilões ficcionais e ler sobre universos fantásticos me fez entender que a pluralidade é uma força e que as diferenças não devem nos separar.

Comecei a fazer parte de uma comunidade

Hoje em dia, com redes sociais e internet no bolso de todo mundo, se sentir parte de uma comunidade organizada por gostos e predileções é muito fácil. Mas foi com o RPG que pela primeira vez vivi isso: era incrível ver como os fãs de Vampiro: a Máscara se reuniam para debater os assuntos, especular sobre teorias e pensar sobre o futuro dos personagens que tanto amamos.

Essa sensação de fazer parte de algo maior que você, a própria noção de pertencimento, é algo que o RPG me ajudou a desenvolver e valorizar… afinal de contas, personagem lobo solitário é aquela coisa que todo mundo odeia de ver na mesa de jogo.

Aprendi de tudo um pouco

Apesar de ter estudado por 4 anos romance contemporâneo latino-americano, não me considero um especialista em nenhum tema ou assunto. E por muito tempo, isso me assombrou.

O mercado de trabalho é cheio de especialistas bem remunerados: aquele profissional que possui um conhecimento gigantesco em uma área, fruto de anos e anos de estudo, e que acaba sacrificando os demais saberes em prol de dominar um determinado campo.

Em uma das minhas crises de identidade no trabalho, acabei me voltando para o RPG para entender algo muito simples: você não tem de ser o maior especialista do mundo para fazer uma boa aventura de RPG!

O pulo do gato, em aventuras de RPG e no trabalho, é conseguir reunir saberes diferentes e articulá-los de uma maneira inovadora, criativa e que chame a atenção da sua audiência. O melhor mestre de RPG, ou profissional, não é aquele que decora o livro de regras, mas sim quem consegue se apropriar desse conhecimento e aplicá-lo.

Está esperando o que?

Como já disse um dos caras que eu mais respeito nesse mundo: “Se o RPG trouxe tudo isso de bom para mim, por que não pode ser bom para outras pessoas?”

Jogou RPG e parou?

Tente procurar grupos online e comunidades na internet dedicadas a marcar mesas de jogo. A galera da organização do Dia Nacional do RPG está criando uma série de atividades no mês de fevereiro.

Nunca jogou e quer conhecer?

Essa data é muito boa para conhecer grupos de jogo e descobrir como se divertir nos mundos da narrativa compartilhada. Procure Dia Nacional do RPG nas redes sociais e encontre bárias oportunidades legais.

Organizando bem, todos podem jogar e se divertir.

Márcio Botelho

Raça: Humano. Alinhamento: caótico e bom. Classes: Historiador 6, Crítico literário 4 e Nerd 10. Esse texto é um agradecimento a todos e todas com as quais pude jogar nesses vinte anos de RPG. Em memória de Mauro Kanno, paladino, bardo e super herói. Como uma estrela cadente, sua passagem foi rápida, mas não vamos esquecer da sua luz, amigo.

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