Luna Maris – primeiras impressões
Luna Maris, jogo que está sendo desenvolvido pela MeepleBR em parceria com o designer pernambucano Ricardo Amaral, que nós já entrevistamos no blog, encontra-se em um estágio de desenvolvimento avançado.
Acreditamos que agora seja um bom momento para tratarmos desse jogo, apresentar suas mecânicas, elementos fundamentais e preparar o público para o que vem por aí.
Então coloque seu traje espacial, preste atenção aos níveis de oxigênio e controle seu estresse, pois agora é hora de explorar a Lua!
Luna Maris – ambientação
A exploração espacial está avançando devido a cooperação entre o setor privado e os governos do mundo todo. Antes de a humanidade se lançar para outros planetas, será necessário estabelecer uma base de operações na Lua e obter os recursos disponíveis em nosso satélite natural. Basalto, titânio, água e um poderoso combustível, o hélio-3, são as riquezas que a Lua nos oferece.
Toda essa abundância não virá de maneira fácil: será necessário muito esforço para instalar as sondas, processar os minérios extraídos e garantir condições de trabalho adequadas para as equipes de cientistas e engenheiros que foram contratados para dar cabo deste desafio.
Em Luna Maris os jogadores assumem o papel de coordenadores que devem organizar os trabalhos de uma companhia que participa da exploração lunar. Será necessário direcionar os esforços de sua equipe para cumprir demandas, suprir as necessidades de seus trabalhadores, realizar melhorias nas instalações e assegurar que tudo obedeça rígidos parâmetros ambientais.
Visão geral
Luna Maris é um jogo estratégico para 1 a 4 jogadores, tendo como base as mecânicas de alocação de trabalhadores, gestão de mão, pontos de ação e uma pitada de coleção de componentes. Com todos esses elementos reunidos, fica claro que estamos diante de um típico euro game.
O objetivo do jogo é obter o maior número de pontos de vitória ao final da partida. Para isso é necessário gerar recursos, a partir da extração de basalto, titânio, água e hélio-3, para cumprir demandas que estão abertas aos jogadores. Também se ganham pontos por realizar certas ações, como a colheita de alimentos na Estufa, assim como é possível perder pontos caso você, por exemplo, produza muito lixo ou CO2.
Cada jogador inicia o jogo com 6 cartas de cientistas que podem executar ações dentro da base lunar. Para executar uma ação, você deve deslocar seu cientista para a sala adequada do complexo, descartar a carta de cientista correspondente, pagar os custos de ativação (energia, água, oxigênio e etc) e daí receber os benefícios por utilizar a sala em questão.
Ao total são 10 salas, cada uma com suas particularidades e benefícios:
- Central de exploração: aqui os cientistas vestem seus trajes de astronauta e instalam sondas para extrair minérios da superfície lunar.
- Complexo industrial: os minérios extraídos são processados nessa sala. Também é possível controlar os filtros de ar do lugar e assegurar que as emissões de CO2 fiquem baixas.
- Dormitório: caso o estresse de sua equipe esteja alto, talvez seja uma boa ideia dar uma folga para eles.
- Estufa: sua equipe vai precisar de alimentos, por isso a estufa é um espaço essencial para a manutenção dos seus cientistas.
- Expedição: após reunir recursos suficientes, você poderá despachar a carga para a Terra e receber pontos de vitória por isso.
- Laboratório: as pesquisas aplicadas são realizadas nesta sala, permitindo aos jogadores melhorarem os processos produtivos e de reciclagem do complexo.
- Mineração: a extração de basalto e titânio é fundamental para manter uma alta produtividade e assegurar o envio de encomendas.
- Sala de comunicação: é sempre bom contar com mais mão de obra. Dê uma passada neste lugar para contratar cientistas de nível mais alto e possuir mais recursos humanos à sua disposição.
- Usina de energia: as placas solares fornecem muita energia à base lunar, mas as vezes é necessário um suprimento extra de energia.
- Usina de reciclagem: as atividades industriais produzem muito lixo, porém é possível reaproveitar esse lixo para obter mais recursos e gerar uma economia sustentável.
Cada partida dura cinco rodadas, quando se faz a contagem dos pontos e descobrimos qual jogador foi mais eficiente no gerenciamento de sua equipe.
O balanço de Luna Maris
O jogo passou por uma longa e intensa temporada de testes. A cada nova partida, era colhido o feedback dos jogadores, o que levou a uma série de mudanças, e garantiu um melhor balanceamento do produto, assim como muito trabalho para o Ricardo Amaral.
As principais preocupações foram garantir o equilíbrio entre as estratégias possíveis no jogo, bem como assegurar a utilidade de todas as salas que compõem a base lunar utilizada pelos jogadores.
O primeiro desafio, ligado às estratégias possíveis, tomou um tempo considerável de nossa equipe. O principal ponto foi evitar que o jogo possuísse uma única forma de se ganhar, pois caso isso acontecesse teríamos um produto que rapidamente deixaria de despertar o interesse dos jogadores e seria esquecido.
No estágio atual, temos orgulho de dizer que Luna Maris possui diversas estratégias de vitória possíveis: colocar o foco na instalação de sondas e na produção bruta de recursos; investir no complexo industrial e garantir acesso à água e ao hélio-3, o que possibilita cumprir demandas mais sofisticadas; adquirir diversos cientistas de nível avançado e otimizar as suas ações. Essa são só algumas das muitas estratégias possíveis.
O outro desafio, o de assegurar a utilidade das salas, também exigiu grande trabalho por parte da equipe. Em um jogo com tempo limitado, havia o risco de que alguns espaços da base lunar se tornassem pouco atraentes ou, basicamente, inúteis.
Para evitar esse problema foram necessários muitos cálculos matemáticos, pois foi fundamental garantir que cada sala gerasse algum tipo de pontuação direta (dando pontos logo assim que fosse utilizada) ou indireta (dando pontos ao final da partida ou permitindo uma maior eficiência). Isso tudo sem que nenhuma dessas pontuações fosse injusta ou dominante nas estratégias.
O que vem por aí?
Após a finalização do núcleo mecânico e do balanceamento, restam mais três etapas para a publicação de Luna Maris: design gráfico, redação do manual e produção.
A MeepleBR já começou o contato com artistas e designers gráficos. Queremos garantir que a arte carregue todo o maravilhamento e grandeza da exploração espacial, bem como tenhamos uma iconografia simples e que comunique as informações necessárias.
A redação do manual já está em desenvolvimento. Muitos acreditam que escrever um manual seja algo simples, mas isso está muito longe da realidade. É fundamental que as regras estejam claras e bem organizadas, garantindo que o primeiro contato dos jogadores com as mecânicas seja um sucesso. Possivelmente, trabalharemos com o processo de tradução do manual para o inglês em paralelo.
Por fim, os componentes e a caixa do jogo entrarão em produção. São dezenas e dezenas de marcadores, meeples, tabuleiros e demais materiais que precisam ser avaliados e aprovados.
Caso tudo ocorra bem, pretendemos lançar o Luna Maris no mercado nacional durante o primeiro semestre de 2021.
Um pequeno passo para a MeepleBR, mas um grande salto para o mercado de jogos brasileiro.