Um jogo para quem quer pensar
Depois de significativos atrasos, causados pela crise dos conteineres de 2021 e por problemas logísticos europeus ligados aos conflitos na Ucrânia, finalmente chegou ao Brasil Cooper Island.
Criado pelo designer Ode, Cooper Isalnd ganhou grande destaque entre os amantes dos jogos de estilo euro com maior complexidade desde o seu lançamento na Feira de Essen de 2019.
Quer saber um pouco mais sobre esse lançamento?
Então embarque em nosso navio e venha descobrir essa ilha repleta de desafios.
Características gerais
18 de maio de 1765
Quando acordei no alvorecer do dia, notei que Cooper não estava em minha cabine. Saí para o convés e o vi se equilibrando nas patas traseiras, encarando, nervoso, o horizonte por cima da grade. Observei o horizonte distante, mas não encontrei nada. Para acalmar Cooper, acariciei sua cabeça e lhe disse que não havia nada lá. Mas, pelo resto do dia, Cooper permaneceu no mesmo lugar, latindo de forma selvagem toda vez que o timoneiro tentava alterar o curso, parando somente quando o curso inicial era retomado.
Então, pouco antes do pôr do sol, algo surgiu à nossa frente: a mais bela ilha que já vi. Nós aportamos em sua costa e, instantaneamente, soube que um dia retornaríamos a esse local maravilhoso para nos fixar aqui para sempre. Por isso, anotei meticulosamente o local da ilha nos mapas náuticos e a batizei Cooper Island.
Com essa simpática carta os jogadores são convidados a participar da exploração da misteriosa Cooper Island. O título pode ser jogado por 1 a 4 participantes, possuindo duração média de 90 a 120 minutos e sendo recomendado para maiores de 14 anos. Suas mecânicas principais são a alocação de trabalhadores e a colocação de peças.
O objetivo dos jogadores é se instalar em uma das penínsulas que formam a Cooper Island, extrair recursos, construir estruturas que melhorem a vida de seus cidadãos e obter algum lucro durante sua gestão. O jogo é dividido em 5 rodadas e cada uma delas consiste de 3 fases consecutivas:
- Fase de receitas: simultaneamente, os jogadores recebem peças para posicionar em sua península o que lhes garante maior produção e produção de recursos.
- Fase de trabalho: nesse momento os jogadores, em ordem de turno, posicionam trabalhadores nos espaços de ação disponíveis no centro da ilha. As ações permitem a construção de estruturas (na ilha ou em seu tabuleiro de jogador), a colocação de novas peças, o avanço na trilha do cartografo (o que lhe permite manipular algumas peças do jogo), comprar novos barcos, adquirir novos trabalhadores e etc.
- Fase de limpeza: será necessário alimentar os trabalhadores de sua equipe e fazer uma manutenção das áreas de jogo comuns a todos e de cada jogador.
Ao término da quinta rodada são contados os pontos. Quem fizer mais pontos é considerado vencedor.
Complexidade e inovação
Apesar da história tocante e fofinha envolvendo o cãozinho Cooper, não se deixe enganar por esse jogo! te enganar!
Estamos diante de um euro pesado (complexidade 4.16/5 na BGG), um daqueles títulos que vai te fazer gastar horas a cada partida e que exige muito planejamento antes de cada jogada.
As ações dos jogadores desencadeiam uma série de escolhas, levando os participantes a terem de refletir muito antes de tomarem uma decisão. Fãs de jogos mais complexos, como aqueles desenvolvidos pelos designers Vital Lacerda e Alexander Pfister, tem diante de si um prato cheio para a diversão.
Além da complexidade, outro aspecto que chama a atenção em Cooper Island são as escolhas de design feitas por Ode. Nesse sentido, é possível destacar a maneira como as peças de terreno são empilhadas e a trilha de pontos integrada ao caminho de navegação dos barcos dos jogadores.
Ao colocar peças em sua península o jogador poderá empilhar elas de forma a ampliar sua produção de recursos. Esse elemento cria a necessidade de combinar peças, tentando ampliar as possibilidades de colocação, ao mesmo tempo em que leva o participante a ter de pensar com cuidado qual produção irá sacrificar se quiser construir uma estrutura na ilha.
A trilha de pontos combinada com a navegação ao redor da ilha rende efeitos interessantes, sendo necessário prestar atenção as construções costeiras de outros jogadores que podem afetar seu caminho. Outro ponto interessante nesse sistema são as ancoras, penalidades que impedem seu navio de avançar e indicam que você está perdendo pontos.
A edição brasileira de Cooper Island
A edição brasileira do jogo foi preparada por uma equipe de profissionais qualificados e já conhecidos no mercado: a tradução esteve nas mãos de Romir Paulino, a diagramação do jogo foi feita por Isabela Ferreira e a revisão contou com o trabalho do sempre atento Thiago Leite.
Outro destaque positivo é a presença de uma variante solo dentro da caixa base, criada pelo próprio autor do jogo, na qual você deve enfrentar Cooper para ver quem conseguirá mais pontos.
Além disso, vale destacar a qualidade da produção em cada um dos detalhes: peças de madeira com pintura caprichada, cartonados de excelente gramatura e peças que formam um tabuleiro modular de primeira linha.