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Agrofloresta não é uma palavra muito comum no dia a dia da maioria das pessoas.
Explicando de maneira bastante superficial, agrofloresta ou sistema agroflorestal (SAF) é um tipo de manejo do solo que integra culturas agrícolas de interesse econômico, como o feijão, o milho e a mandioca, a trechos de floresta nativa em um consórcio que contribui para a preservação ambiental.
O sistema agroflorestal integra árvores perenes e cultivos sazonais, permitindo um manejo sustentável do solo, a manutenção da biodiversidade e contribuindo para a recuperação de áreas que foram alvo de desmatamento e intensa exploração agrícola.
Levando-se em conta o atual cenário de emergência climática pela qual o mundo passa, podemos dizer que as agroflorestas podem ser grandes aliadas para a mudança de nossa relação com a terra e com a natureza, mostrando que é possível obter lucro e respeitar o meio ambiente.
Mas será que isso dá jogo?
Agrofloresta – o jogo
Em Agrofloresta as participantes são fazendeiras que devem adotar o sistema agroflorestal em suas propriedades (representadas por um conjunto de 5 cartas dispostas na horizontal).
A cada rodada você poderá realizar ações de plantio, em suas cartas, ou de coleta de sementes e mudas, em um mercado comum a todas as participantes. Ao final da rodada, as plantas crescerão e, caso encontrem-se em condições, serão colhidas.
Parece simples, não é?
Mas é aí que você se engana.
Será necessário prestar atenção ao tipo de ambiente que as plantas precisam: o milharal precisa de sol, por isso não pode ser plantado ao lado de árvores que gerem sombra – como um mamoeiro ou cambuci -; outras precisam de muita sombra, como o feijão, o que vai exigir seu cultivo integrado com árvores.
Além da questão relativa ao sol e à sombra, será preciso prestar atenção à integração das diversas culturas na sua fazenda. Em outras palavras, será fundamental diversificar a sua produção, pois só assim será possível construir conexões entre espécies que se beneficiam mutuamente e evitar os riscos de esgotar o solo devido à monocultura.
Uma partida dura um total de 10 rodadas, sendo a vencedora a jogadora que conseguir obter mais pontos através das colheitas que fez e das conexões que construiu em sua fazenda.
Sistemas agroflorestais
Entre as mecânicas de Agrofloresta encontramos algumas das favoritas de muitas jogadoras como seleção de cartas (drafting), criação de rotas/conexões e gestão de mão. Uma seleção simples e que aponta para o fato de que mesmo mecânicas muito conhecidas e tradicionais podem gerar jogos novos e interessantes, sendo fundamental para isso o bom arranjo dos elementos de uma forma criativa e bem ligada ao tema.
Quem vai gostar de Agrofloresta?
Acredito que o tema seja o primeiro ponto de atração em relação a Agrofloresta: muitos jogos tratam do gerenciamento de fazendas – afinal de contas, eu já vi mais de duas dezenas de jogos com ovelhas e trigo na capa, porém aqui estamos diante de uma fazenda muito diferente.
A primeira diferença aparece naquilo que podemos plantar na fazenda: mandioca, milho, cambuci, mamão, maracujá e mais uma série de outras espécies que mostram que estamos no Brasil.
Mas não é só uma questão de trocar trigo por mandioca e maçãs por mamões. Agrofloresta inova em seu conceito de um manejo sustentável e intimamente ligado a questões ambientais que são muito atuais. O objetivo é ter uma fazenda lucrativa, mas isso só é possível fazendo um manejo sustentável do solo. Mais conectado ao nosso tempo, impossível.
Para quem se importa mais com mecânicas, Agrofloresta também é uma escolha agradável para uma partida rápida, mas que exige uma dose considerável de planejamento e que te obriga a tomar decisões significativas a cada rodada.
A autora
Laila Terra é artista visual. Seus trabalhos compõem coleções como o acervo Gilberto Chateaubriand, MAM – RJ. Sua obra está entre o projeto, o experimento de execução e o acontecimento até o objetivo alcançável. A matéria é um meio, e não um fim.