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  • Por: Márcio Botelho
  • Publicado em: 17 de setembro de 2020

A história do Oeste

O Velho Oeste é uma parte integrante do imaginário cultural estadunidense, aparecendo em produtos como músicas, filmes, quadrinhos, séries de TV e, como era de se esperar, jogos.

Colt Express, Great Western Trail e Lewis & Clark são apenas alguns dos títulos que trazem consigo essa temática fascinante.

Mas que tal saber um pouco mais sobre esse tempo de vaqueiros, xerifes, dançarinas de saloon e foras da lei?

Então carregue seu colt, lustre suas botas e cavalgue com a gente em direção ao por do sol.

Destino manifesto e progresso

No começo do século XIX os Estados Unidos da América, um país que acabará de obter sua independência através de uma revolução bem sucedida contra o Império Britânico, estavam dispostos a expandir seu território em direção ao Oeste.

Essa expansão estava ligada a alguns interesses como a busca por recursos naturais como minérios, madeira e áreas férteis para plantio; a criação de portos no Pacífico para assegurar comércio com as nações da Ásia e a grande imigração europeia que deveria ser escoada para alguma parte do território.

Esses interesses econômicos eram reforçados através das ideias do destino manifesto e do progresso civilizacional. Segundo o destino manifesto, era o dever sagrado dos estadunidenses estenderem seu território da costa do Atlântico até a costa do Pacífico; já a ideologia do progresso civilizacional identificava a cultura ocidental e branca como a única correta, sendo necessário “salvar” os não-brancos das trevas da barbárie.

Compra de territórios

Haviam interesses, haviam justificativas, mas como fazer para materializar a expansão?

A primeira ferramenta utilizada foi a compra de territórios. Na primeira metade do século XIX, grande parte da América do Norte ainda pertencia aos impérios europeus – tais como o espanhol, o francês e o inglês. Os governantes estadunidenses enviaram diplomatas para as potências imperialistas e negociaram a aquisição destes territórios. São exemplos desse fenômeno a compra da Lousiana (1803), do Oregon (1846) e do Alasca (1867).

A compra da Lousiana, um território controlado pela França e que se estendia da região de Nova Orleans até a atual divisa do Canadá, está intimamente ligada a expedição liderada por Meriwether Lewis e William Clark, enviados pelo presidente Thomas Jefferson para descobrir uma rota que ligasse as duas Costas da América do Norte. No processo eles encontraram centenas de novas espécies de plantas e animais, além de entrar em contato com diversas tribos indígenas.

Essa expedição inspirou outros desbravadores a explorar o Oeste Selvagem, bem como serviu de base para dois grandes jogos da Ludonaute: Lewis & Clark: A Expedição (2013) e Discoveries: the Journals of Lewis & Clark (2015).

Guerras

Nem sempre a expansão para o Oeste se deu de uma forma pacífica. Em diversas ocasiões a força foi utilizada para assegurar os interesses de Washington.

A Guerra Mexicano-Americana (1846 – 1848) foi um evento traumático para o vizinho ao Sul dos EUA: o México perdeu cerca de 1/3 de seu território para os estadunidenses, incluindo áreas como a Califórnia, Novo México e o Texas, aprofundando uma crise política e econômica intensa após o conflito.

Todavia, houve um conflito mais longo, sangrento e devastador no Oeste: os confrontos entre o Exército dos EUA e as nações indígenas que habitavam a região muito antes da chegada do homem branco ao continente. As campanhas militares contra os nativo americanos foram cruéis e estes povos originários viram seu modo de vida e sua terra ancestral serem violentados. Cerca de 23 milhões de indígenas foram mortos nesse processo.

O Oeste Selvagem

Em meados do século XIX o avanço estadunidense em direção ao Pacífico começou a se consolidar. O Oeste era uma grande zona de fronteira que precisava ser ocupada para assegurar os interesses dos EUA na região. Criação de gado, plantações e a mineração foram atividades importantes para consolidar o domínio da região, bem como a integração das cidades que surgiam através da construção de uma imensa rede de transportes e telecomunicações.

As locomotivas a vapor encarnavam a modernidade, servindo como a melhor forma de transporte do período e simbolizando o avanço da civilização em meio ao Oeste Selvagem.

Com um território tão vasto e cheio de riquezas, era natural que conflitos surgissem e que fosse comum o desrespeito as leis. Nesse cenário, os xerifes e outros representantes da lei e da ordem se esforçavam para manter as coisas nos trilhos, mas não era incomum que as polícias locais oferecessem poupudas recompensas para quem caçasse os foras da lei.

Não é a toa que vemos esse tipo de conflito em jogos como Colt Express e Western Legends, nos quais os personagens estão à margem da lei, mas ao mesmo tempo possuem uma espécie de aura de liberdade e maravilhamento.

O Oeste no imaginário

Esse universo de cowboys, xerifes e criminosos em uma imensa fronteira livre e longe das complicações urbanas, acabou se cristalizando no imaginário cultural dos EUA nos anos seguintes.

As narrativas em torno do Oeste carregavam os valores tidos como essenciais à nação: a conquista e o domínio da natureza; o poder da ousadia perante as adversidades; e a noção de que a liberdade seria o grande guia do indivíduo que é capaz de vencer por si mesmo.

Essa presença no imaginário é tão forte que influenciou outras narrativas como os romances policiais de Dashiell Hammet e Raymonf Chandler; as histórias de ficção científica da Frota Estelar de Star Trek e as viagens de Doc Brown e Martin McFly na franquia De Volta ara o Futuro.

O Oeste do imaginário não é uma representação fiel da realidade histórica, pois vemos a glamurização da violência e a reprodução de estereótipos em relação a indígenas, pessoas de ascendência latina, afro-americanos e mulheres.

Entretanto, nos últimos anos, é possível acompanhar o surgimento de narrativas mais diversas e críticas ambientadas no Velho Oeste, como aquela que vemos no filme Django Livre (2012) ou no jogo Red Dead Redemption 2 (2018), o que indica o grande potencial narrativo e a capacidade de renovação desse tipo de história.

 

Você gosta do Velho Oeste? Qual seu filme, série ou jogo favorito com essa temática?

Conta aí pra gente.

Márcio Botelho

Raça: Humano. Alinhamento: caótico e bom. Classes: Historiador 6, Crítico literário 4 e Nerd 10. Me segurando para não revelar o próximo título da MeepleBR

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