Entrevista – Reiner Stockhausen
Em nossa primeira entrevista internacional trouxemos um nome de peso.
Reiner Stockhausen é game designer e fundador da dlp games, editora responsável por jogos de sucesso como Atliplano e Orléans, criados pelo próprio Stockhausen, e por Maracaibo, grande jogo desenvolvido por Alexander Pfister.
Nessa entrevista o designer alemão falou de seu método de trabalho, das expansões de Orléans e também abordou a questão dos temas e das mecânicas no processo de desenvolvimento de um jogo.
Qual foi sua primeira experiência com jogos de tabuleiro?
Eu redescobri os jogos de tabuleiro quando eu era estudante e alguns amigos me convidaram para jogar. Então nós inventamos alguns jogos por diversão. Depois, isso foi ficando mais sério e eu tinha alguns projetos que testei e ofereci para editoras.
Quando você decidiu trabalhar com jogos?
Eu tive alguns títulos publicados desde 1998, quando a Hans im Glück publicou Freibeuter, que foi premiado com o décimo lugar na “Deutscher Spielepreis“. Em 2004 me estabeleci como game designer e, após algumas publicações, decidi fundar minha própria companhia em 2009.
Qual seu tipo preferido de board game?
Eu gosto de todos os tipos de jogos. De jogos estratégicos a jogos familiares. Tudo depende do grupo com que você estiver jogando.
Você fundou a dlp games em 2008. Qual foi o maior desafio que sua empresa enfrentou desde então?
Houveram muitos desafios. Talvez um dos maiores foi quando nosso distribuidor, Heildelberg Spiele, foi vendido para a Asmodee. Nós mudamos nossos canais de distribuição e agora não trabalhamos com um distribuidor exclusivo.
Quando você inicia um novo projeto, qual seu ponto de partida: as mecânicas ou o tema?
As mecânicas são mais importantes e levam muito mais tempo para serem resolvidas e garantir o balanceamento do jogo. Mas isso não significa, como ocorre algumas vezes, que o tema é o primeiro impulso. Sempre existe uma fase onde os dois, tema e mecânica, interagem e a mecânica seguirá as condições do tema. Mas levando-se em conta o todo, as mecânicas são o núcleo e algumas vezes você precisa mudar o tema ou aceitar certas inconsistências em relação a ele, mas você nunca fará concessões no que diz respeito as mecânicas.
Orléans, publicado em 2014, é um grande sucesso com diversas expansões (Invasions, Trade & Intrigue e Stories). Quando desenvolveu o jogo, você já tinha em mente todas as expansões
Não, não todas, mas eu via as diversas opções para o jogo. Como não foi possível considerar todas em Orléans, eu sabia que havia espaço para expansões bem como para novos jogos no conceito.
Na sua opinião, qual a expansão mais interessante do jogo?
Para mim, Orléans Stories é a continuação mais interessante. Mas eu acredito que a expansão que seja mais popular é a Invasion.
No Brasil vimos um aumento do mercado de board games: novas editoras, desenvolvedores e jogos. Você percebe algum interesse dos europeus pelos jogos brasileiros?
Eu não observo o mercado de board games tão intensamente para poder responder essa pergunta, mas eu acredito que os jogadores se veem como uma grande família. Eles não perguntam se um jogo foi desenvolvido por um designer italiano e produzido por uma editora canadense ou de qualquer lugar. Claro que existem características nacionais – especialmente temáticas -, mas também existem jogos para jogadores que eu avaliaria como internacionais.
Por último, você pode compartilhar com nossos leitores algumas informações dos seus novos projetos?
Vamos publicar um excelente jogo do designer Arve D. Fühler em outubro; também vamos distribuir um jogo muito bom de uma nova editora, que ainda é um segredo. E também haverão novas histórias para o Orléans Stories.