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  • Por: Eduardo Felipe
  • Publicado em: 25 de março de 2021

Uma terra que tem de tudo

A busca por especiarias fez com que os portugueses se lançassem ao mar para encontrar o caminho marítimo para as índias, e no meio dessa correria foram descobertas terras mais ao sul das “índias” descobertas por Colombo… Estou falando da chegada dos portugueses ao Brasil, uma terra que se revelou farta em produtos de exportação para a Europa.

Você que em breve vai poder jogar o Brazil, que será lançado pela Meeple BR, vai se deparar com uma quantidade de recursos e produtos que fizeram (e alguns ainda fazem) parte da nossa história. Vamos falar de cada um deles cronologicamente.

Gostaria de com esse texto mostrar a vocês que vão jogar o Brazil como esses recursos, que aqui no jogo são gerados através da manufatura das Canas-de-açúcar e grãos de café, fizeram parte da nossa história.

Como na historia do Brasil, esses recursos e produtos foram (e no jogo são) essenciais para impulsionar a construção de cidades e o avanço tecnológico. Conforme as Eras do jogo se passam, alguns recursos se tornam mais importantes e assim mais valiosos em relação a outros.

A árvore que arde em brasa

Quando o Brasil foi descoberto, os portugueses encontraram aqui uma árvore bem semelhante a que eles já conheciam e que vinha da Ásia. O cor

te dessa árvore para a obtenção da madeira e da sua resina era muito apreciado na Europa. Uma madeira vermelha, que parecia arder como brasa, a qual foi dada o nome de pau-brasil.

Para a indústria têxtil europeia, a resina vermelha do pau-brasil logo viria a se tornar uma alternativa aos pigmentos de cores terrosas que vinham da Ásia, conferindo aos tecidos uma pigmentação de alta qualidade. E falando em qualidade a madeira que era aproveitada era muito valiosa para trabalhos de marcenaria. Isso logo gerou uma enorme demanda de pau-brasil no mercado europeu, iniciando uma “caça” ao produto.

Essa demanda por pau-brasil atraiu os olhos de outras nações para os domínios portugueses na América. Descoberto oficialmente em 1500, a colonização no Brasil só começou 30 anos depois, quando franceses ameaçaram invadir o território português em busca de pau-brasil.

O Doce e o amargo da cana de açúcar

Durante a colonização surgiu um novo produto de exportação, o açúcar! Bem, mais especificamente a “massa” de cana de açúcar, que era exportada para a Europa onde era refinada.

Por mais de um século o Brasil era um dos maiores produtores de derivados da cana de açúcar, e esse produto de exportação foi responsável pelo surgimento de dinastias de fazendeiros de açúcar que dominaram as terras brasileiras, principalmente na Região Nordeste.

O lucro gerado pelo açúcar esteve diretamente ligado a uma prática cruel e violenta que pairava sobre o mundo inteiro: o uso de mão de obra escravizada.
Após a expulsão dos holandeses no Nordeste do Brasil, o mercado de exportação de açúcar, que até então era praticamente exclusivo do Brasil, se espalhou pelo Caribe, graças aos holandeses. Isso levou ao declínio da economia açucareira e a busca por outras riquezas que pudessem ser exploradas.

As especiarias nativas do sertão

As Drogas do Sertão eram especiarias extraídas do sertão brasileiro e que não podiam ser encontrados na Europa. Guaraná, Urucum, Castanha do Pará e Cacau eram algumas dessas especiarias. Mas a interiorização do Brasil não trouxe a tona apenas as Drogas do Sertão, foram encontradas minas de ouro na região sudeste do Brasil, e isso sim mudou bastante a nossa história!

As minas de ouro que foram encontradas onde hoje são os estados de Minas Gerais (olha aí!), norte de São Paulo e Goiás fizeram com que estradas e portos fossem construídos para que o ouro pudesse ser transportado do interior do Brasil para os navios que partiriam para Portugal. Também foi responsável pela mudança da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro e também o surgimento de cidades no interior do Brasil.

Até aqui estamos falando de século 17 e 18, e já vimos recursos e produtos como pau-brasil e seu pigmento para tecidos, cana de açúcar e seus derivados, cacau e ouro. Mas o século 19 está chegando e mais recursos e produtos surgirão no Brasil.

O ouro branco

Na virada do século 18 para o 19, a Inglaterra passava pela Revolução Industrial, e uma das principais matérias prima para a produção de tecidos na Inglaterra era o algodão. Essa demanda impulsionou os latifundiários a investirem nessa nova cultura agrícola.

Mantiveram-se as bases da produção açucareira – mão de obra escravizada, cultivoem latifúndios e foco na exportação -, o algodão foi explorado no norte do país, sobretudo no estado do Maranhão e também em outras partes do país: Ceará, Bahia, Pará, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro.

O algodão, também chamado de ouro branco, obteve atenção especial não somente com a Revolução Industrial, mas, sobretudo pela Independência das Treze Colônias Inglesas na América, as quais auxiliavam no envio do produto para a Inglaterra.

Os Estados Unidos eram o líder de mercado do produto. Assim, quando os Estados Unidos se tornam independentes em 1776, essas relações com a Inglaterra foram cessadas.

Esse momento, também chamado de “Renascimento Agrícola” marca o início do processo de industrialização do Brasil, o qual seria mais tarde consolidado com a cultura do café.

Borracha, a seiva que industrializou o Brasil

Ainda na virada do século 18 para o 19, graças ao Ciclo da Borracha na Amazônia, houve um período conhecido como “Belle Époque Amazônica” que vai de 1890 a 1920, cidades como Manaus, Porto Velho e Belém, tornaram-se as capitais brasileiras mais desenvolvidas, com eletricidade, sistema de água encanada e esgotos, museus e cinemas, construídos sob influência europeia.

O Ciclo da Borracha corresponde ao período da história brasileira em que a extração e comercialização de látex para produção da borracha foram atividades basilares da economia. Contudo, os períodos de “ciclos da borracha” acabaram de maneira repentina, o que se agravou pela falta de políticas públicas para desenvolvimento da região.

Café, nascimento e morte do Império

E por último, um recurso que se tornou importante por muito tempo na nossa história, vem desde o Império, sobreviveu a sua queda e, já na República, “elegeu” presidentes. O café!

O Ciclo do Café durou mais de 100 anos (1800 a 1930), período em que a cafeicultura se manteve como a principal atividade econômica do Brasil.

A possibilidade de transformar o cultivo do café no importante ciclo se deu por causa da queda nas exportações de alguns produtos que davam sustentação para a economia brasileira, assim como o declínio do ciclo da cana de açúcar, do ciclo do algodão no Brasil e da produção cacaueira. Diante desse contexto, era necessário cogitar alternativas.

No começo do século XX, toda a economia do ciclo do café se concentrava no Vale do Paraíba, região localizada entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Essa área tinha boas condições climáticas para o plantio do café, além de um solo bastante propício.

O Café e a pecuária bovina (mais especificamente a produção de leite) fizeram surgir novas dinastias de senhores de terras, os Coronéis! Mas isso é história para outro período do Brasil!

Eduardo Felipe

Carioca, vascaíno, professor de história e especialista em uso de mídias audiovisuais no ensino de história. Também foi o criador do blog e podcast Jogada Histórica e do jornal fictício Polemeeple. Joga RPG desde 1994 e entrou para o hobby dos Board Games modernos em 2009, quando jogou Catan pela primeira vez no Encontro Internacional de RPG em São Paulo. Atualmente se dedica mais ao JH Poscast e ao canal do Jogada Histórica na Ludopedia, onde fala sobre jogos de tabuleiro com temática histórica.

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